quarta-feira, 16 de junho de 2010

"This is being a parent"

Quando eu conheci o João, meu marido, nós éramos professores de inglês na mesma escola. Tínhamos uma coordenadora brasileira, que havia passado a maior parte de sua vida em Nova York e estava voltando e se reestabelecendo no Brasil na época, a Juliana Braga.

Ela falava português enrolado, era praticamente da nossa idade (uns 20 e poucos), muito inteligente e tinha muitas "sacações" da vida. Foi ela quem nos ensinou duas coisas. Ela mantinha uma imagem da obra de Edvard Munch, o famoso quadro "O Grito", em cima da mesa, com os dizeres: It's only a job! (É só um emprego!). A outra era uma de suas frases favoritas, que ela soltava quando a gente conversava sobre contas, despesas, rotinas: This is being an adult! (Praticamente: ser adulto é isso aí!)

O título do post de hoje é uma adaptação deste simples, mas belo ensinamento que aprendi com esta amiga anos atrás: ser pai/mãe é isso aí. Estou lendo o livro Helping Parents Practice - Ideas for Making it Easier, de Edmund Sprunger lentamente e estou aprendendo muito. O intuito do livro, como diz claramente o título, é auxiliar os pais em como praticar em casa com seus filhos e dar sugestões para que a prática torne-se mais fácil.

Este autor é americano, violinista e dá aulas há mais de vinte anos para crianças. Além disso, ele tem formação em psicoterapia, mas não é pai! E eu acho este detalhe simplesmente magnífico! Uma pessoa que não tem filhos amar, se interessar e dedicar toda a sua vida e o seu amor às crianças.

Enfim, a questão não é essa. A questão é que o livro é muito claro, escrito de forma simples, direta e repetitiva para que nós, pais, responsáveis por nossas crias, desenvolvamos uma escuta e uma percepção mais ampla em relação a nós mesmos, mas, principalmente, em relação a nossas crianças, através do estudo da música, claro.

Ainda não terminei de ler o livro, mas posso adiantar que uma das lições mais importantes para mim é ficar calada. Com quatro anos de vivência com minha filha de prática em casa, começo a perceber a importância de, muitas vezes, ficar simplesmente calada durante a prática e/ou só ressaltar os aspectos positivos daquele momento. No fim das contas, o mais importante é simplesmente estar presente enquanto a criança toca e segurar minha ansiedade, ou minha tendência em interferir no processo dela.

A "Copa do Violino" terminou no sábado passado. A equipe de professores bolou uma aula super dinâmica e divertida para que todos os alunos, de todas as idades e níveis tocassem. Foi muito divertido. Ao final, as crianças deveriam mostrar suas cadernetas com seus gols marcados durante o semestre para receberem suas medalhas de participação. Nina ganhou medalha de ouro, suada e merecida, não só por ela, mas por mim, pois praticamos muito juntas.

Mas algumas crianças ganharam medalha de prata. O que me entristeceu não foi este fato, mas as conversas desgostosas e de imcompreensão que eu escutei de outras mães. Mal-educado da minha parte, claro. Mas eu não pude evitar escutar as mães dizerem que era um absurdo esta diferença de medalhas porque seus filhos não haviam tocado tanto. Francamante, de uma vez por todas: tomemos responsabilidade por nossas crianças! Se a criança não pratica em casa, é porque ela não foi estimulada a fazê-lo, é porque não teve o apoio, o ambiente ou sei lá o quê necessário. Vamos parar de culpar nossas crianças por nossas irresponsabilidades!

É muito fácil achar defeitos em tudo e em todos, nas escolas, nos cursos, nos professores, inclusive nas próprias crianças. Mas é muito difícil perceber e admitir que falhamos como pais em diversos momentos. E é aí que entra a minha frase do dia: this is being a parent. Ser pai e mãe é isso: é se responsabilizar 100%, é amar 1oo%. E digo mais, os pais que têm a oportunidade de praticar qualquer coisa com seus filhos, dedicando-se 100% àquela atividade com seu filho, com amor e responsabilidade, têm muita chance de aprender e dar a volta por cima. Pode ser difícil, mas não impossível. Vamos em frente!

2 comentários:

  1. Maíra, parabéns para vocês! Um beijo especial para Nina! Tomo a liberdade de fazer uma ratificação:
    onde vc diz que simplesmente fica ali calada... eu substituiria por, vc simplesmente fica ali escutando... ESCUTAR! essa é a palavra chave na vivência com o outro e principalmente com filhos. Carinho. Beijos

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  2. Gostamos! Beijos saudosos, Mel e Mo

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