domingo, 7 de novembro de 2010

Gabriel e seu violino

Há uma semana, Gabriel ganhou seu primeiro violino de verdade (de madeira, com cordas, arco e estojo). Meu filho tem 2 anos e 4 meses e vem praticando chocolate quente em um violino de borracha, que fica com a professora, e um de papelão, que fica em casa, com o qual ele tem a total liberdade de fazer o que quiser, leia-se: tocar, bater, jogar no chão, pro alto...

Ele está muito empolgado e feliz de ter um instrumento como o da irmazona, que toca de verdade! A dinâmica tem sido a seguinte: às vezes ele fala "quero tocar violino" e a gente o monta; e às vezes, eu digo "quem quer tocar chocolate quente?" e a gente abre a caixa e toca. Ele segura o violino, coloca embaixo do pescoço e diz que vai tocar sozinho. Segura o arco e vai tocando as cordas. eu bato palmas e o parabenizo. Aí é a minha vez: seguro a ponta do arco e o posiciono na corda mi e faço e canto o cho-co-la-te-quen-te com ele, fazendo a corda soar ao ritmo cantado.


Fazemos algumas repetições e ele fica muito satisfeito! Nina também participa, seja tocando chocolate para ele ouvir, ou junto com ele, ou então fazendo as notas do acompanhamento do Step by step. tem sido divertido para todos aqui em casa.

Ainda não conseguimos estabelecer o uso do "palquinho", aquele tapetinho para a criança tocar em cima. Gabriel ainda reluta. Acho que tudo bem... A aula dele dura uns dois minutos e acontece no início da aula individual semanal da Nina. Estou feliz por vê-lo interessado e concentrado naqueles poucos segundos. Ontem nós assisitimos a dois concertos e ele ficou encantado e calmo durante a maior parte do tempo, curtindo mesmo a música. e olhem que não era nada fácil, música moderna e contemporânea, com dois percussionistas e um flautista!

Nas suas aulas de musicalização, ele é o menorzinho. Todas as crianças já têm 3 anos. Ele então participa do jeito dele, mais observador. Chega em casa e pede para eu cantar tal e tal música! E é aí é que eu vejo como ele absorve tudo, presta atenção e gosta. E quando ele dana a compor pela casa? Canta, dança e toca o que quer que ele encontre pela frente. simplesmente demais!

Eu acredito fortemente que todas as crianças são seres musicais por excelência. Basta que eles sejam expostos à música... A dança já está dentro deles e assim, eles podem criar, rir, se divertir e por que não aprender à vontade! Com muito prazer...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tópicos sobre o estudo em casa

NOTAS - “Having Parents Practice”, Edmund Sprunger

Presença do pai/mãe na aula e na prática em casa: maximizar sua utilidade, minimizar sua interferência
Crianças são vulneráveis e nem sempre têm o vocabulário para expressar o que sentem¬ ações falam mais que as palavras
A criança sempre quer “acertar”, só quer ter certeza de que é amada, quer sentir-se segura
Prática deve ser PRODUTIVA e PRAZEROSA
Pai/mãe: professor de casa. Nós é que temos que nos preparar para a prática em casa
Estratégias indiretas funcionam quando diretas não
O OBJETIVO DA PRÁTICA EM CASA É TORNAR AS COISAS MAIS FÁCEIS. Assim, os aspectos físicos serão masterizados e a alma musical da criança pode aparecer.
É do adulto a responsabilidade de descobrir estratégias para que a repetição se torne suportável, para que tudo fique mais fácil
Como começar? Começando. Faça alguma coisa. Dedique algum tempo. O refinamento virá com o tempo
Durante a prática, só dizer o que precisa ser feito não ajuda. Só a repetição pode tornar as coisas mais fáceis
A criança precisa de concentração para tocar. Os pais e o ambiente podem ajudar.
O estudo da música se torna mais prazeroso quando nós nos dedicamos a criar hábitos que tornarão a prática mais fácil
Preste atenção em si mesmo e só depois dedique-se à criança
É imprescindível a nossa presença durante as aulas individuas e em grupo. Assim, você saberá o que a criança precisa e o que ela não precisa praticar. Outra vantagem: responsabilidade dividida
O processo de como tocar é mais enriquecedor do que só saber as notas
Crescer e aprender com a criança
Durante as aulas: SILÊNCIO. Durante a prática em casa: procure manter-se silencioso também. Evite interrupções ao máximo. Faça a sua proposta e veja o que acontece. Elogie o que foi realmente bom e para cada repetição proponha uma, somente uma “correção” por vez
A prática em casa já é treinamento para tocar em público
ESCUTAR O CD COM A CRIANÇA. Por quê? Ajuda a criar as habilidades necessárias para tocar a música,que está dentro da criança. Além disso, você pode ajudá-la a lidar com a frustração de que tocar um instrumento não é tão simples quanto ela gostaria
Praticando todo dia, você mostra que a música é importante (sem dizê-lo)
Boa parte do tempo em casa deve ser dedicado à REVISÃO
Durante as prática, fique e escute
Deixe que a criança descubra o que não deu certo por ela mesma
É preciso reconhecer os sentimentos das crianças e lidar com eles. Não podemos controlar suas emoções, mas podemos admitir que elas existem e só daí lidar com elas. Antes de começar ou continuar, primeiro, perceba o sentimento e lide com ele, só depois, restrinja o comportamento
Explosões agressivas não precisam, nem devem ocorrer
Pergunte, não diga o que fazer para corrigi-la. Use perguntas que permitam respostas expansivas: COMO, QUANDO, O QUE, AONDE, ao invés daquelas que não vão lhe ajudar (SIM e NÃO)
Dê opções saudáveis
Faça pedidos claros, gentis e firmes
Procure oportunidades para ser flexível
Crianças testam nossos limites o tempo todo. Você oferece o limite, mas não é uma prisão (algemas), ofereça opções, flexibilidade
Crie e abuse das oportunidades para jogar e se divertir
Dê informações concretas, pertinentes
Para a concentração da criança, não use o comando “concentre-se”. Ao invés disso, chame a atenção dela para algo bem específico (uma coisa de cada vez), como o terceiro dedo na marquinha, a posição do cotovelo... Use a linguagem dela, procure repetir o vocabulário que o professor usa em sala de aula (porquinho, estrelinha, capitão...)

O BÁSICO DA PRÁTICA EM CASA

Escolha uma hora razoável para praticar, por exemplo, não quando a criança está com fome, cansada, ou acabou de terminar um montão de dever de casa e etc.
Mantenha a prática em períodos curtos. 15 minutos por dia é mais eficiente do que 60 uma vez por semana.
Seja flexível: 10 minutos hoje, mas 20 amanhã
Termine enquanto você estiver no lucro. Por exemplo, se a criança está tendo um dia difícil e tudo está dando errado, tudo bem parar ao invés de continuar rumo ao desastre
Pratique o que você sabe e não o que você não sabe
A repetição é muito importante. Os maiores violinistas do mundo tocam as mesmas peças por mais de trinta anos!
Trabalhe uma coisa de cada vez, por exemplo: ombro pra baixo ou cotovelo pra dentro. Se muitas coisas precisam de trabalho, priorize!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O desafio da volta às aulas

É um desafio para você retomar as aulas de violino com seu filho ou filha? Pois para mim, sempre é. Nina, agora com 9 anos, experimentando mudanças drásticas de humor e (ainda bem) querendo experimentar atividades diferentes sempre, considero um desafio delicioso esse retorno às aulas.

Quando ela diz que não quer mais tocar porque quer fazer aquilo ou aquilo outro, eu digo com todo o amor do mundo que esta é a educação musical que podemos lhe oferecer e quem portanto, ela vai continuar. Antes da primeira aula individual, um certo mau humor. Mas foi só a aula começar, com sua professora, trazendo duas músicas novas, brasileiras, com leitura à primeira vista, que Nina começou a tocar. Tranquila e satisfeita.

Enquanto isso, seu iemão, Gabriel de dois anos, me dava o maior trabalho, pois havia descansado pouco naquele dia e estava se resfriando. Resultado: prestei atenção ao que pude durante a aula e no fim, elas repetiram para mim o ponto importante da retomada às aulas: a postura de Nina e o "peso" que os quatro dedinhos devem fazer no violino, para que o dedão fique mais liberado e a mão esquerda, como um todo, mais relaxada.

Mas o mais surpreendente foi o dia seguinte, quando fomos assistir a uma aula de música que minha mãe iria dar para uma turma de crianças de uma Escola Parque. As crianças eram mais ou menos da idade da Nina e ela ficou tão empolgada com a apresentação da avó com sua amiga, que quer voltar na semana seguinte, quando elas falarão sobre os instrumentos de corda. A aula foi sobre a evolução da orquestra sinfônica e elas intercalaram explicações bem-humoradas com quatro vídeos maravilhosos de orquestras diferentes, tocando coisas diferentes. Teve Vivaldi, Mozart, Beethoven e Lully (?). Foi um barato! Parabéns, vovó!

Estou neste momento me preparando para chamá-la para tocar. Primeiro vamos lanchar e acho que depois, vou propor uma revisão de músicas conhecidas, tanto do livro 1, quanto do 2, tanto canções folclóricas. Vamos ver o que vai dar certo!... Até breve e... boa sorte!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

"This is being a parent"

Quando eu conheci o João, meu marido, nós éramos professores de inglês na mesma escola. Tínhamos uma coordenadora brasileira, que havia passado a maior parte de sua vida em Nova York e estava voltando e se reestabelecendo no Brasil na época, a Juliana Braga.

Ela falava português enrolado, era praticamente da nossa idade (uns 20 e poucos), muito inteligente e tinha muitas "sacações" da vida. Foi ela quem nos ensinou duas coisas. Ela mantinha uma imagem da obra de Edvard Munch, o famoso quadro "O Grito", em cima da mesa, com os dizeres: It's only a job! (É só um emprego!). A outra era uma de suas frases favoritas, que ela soltava quando a gente conversava sobre contas, despesas, rotinas: This is being an adult! (Praticamente: ser adulto é isso aí!)

O título do post de hoje é uma adaptação deste simples, mas belo ensinamento que aprendi com esta amiga anos atrás: ser pai/mãe é isso aí. Estou lendo o livro Helping Parents Practice - Ideas for Making it Easier, de Edmund Sprunger lentamente e estou aprendendo muito. O intuito do livro, como diz claramente o título, é auxiliar os pais em como praticar em casa com seus filhos e dar sugestões para que a prática torne-se mais fácil.

Este autor é americano, violinista e dá aulas há mais de vinte anos para crianças. Além disso, ele tem formação em psicoterapia, mas não é pai! E eu acho este detalhe simplesmente magnífico! Uma pessoa que não tem filhos amar, se interessar e dedicar toda a sua vida e o seu amor às crianças.

Enfim, a questão não é essa. A questão é que o livro é muito claro, escrito de forma simples, direta e repetitiva para que nós, pais, responsáveis por nossas crias, desenvolvamos uma escuta e uma percepção mais ampla em relação a nós mesmos, mas, principalmente, em relação a nossas crianças, através do estudo da música, claro.

Ainda não terminei de ler o livro, mas posso adiantar que uma das lições mais importantes para mim é ficar calada. Com quatro anos de vivência com minha filha de prática em casa, começo a perceber a importância de, muitas vezes, ficar simplesmente calada durante a prática e/ou só ressaltar os aspectos positivos daquele momento. No fim das contas, o mais importante é simplesmente estar presente enquanto a criança toca e segurar minha ansiedade, ou minha tendência em interferir no processo dela.

A "Copa do Violino" terminou no sábado passado. A equipe de professores bolou uma aula super dinâmica e divertida para que todos os alunos, de todas as idades e níveis tocassem. Foi muito divertido. Ao final, as crianças deveriam mostrar suas cadernetas com seus gols marcados durante o semestre para receberem suas medalhas de participação. Nina ganhou medalha de ouro, suada e merecida, não só por ela, mas por mim, pois praticamos muito juntas.

Mas algumas crianças ganharam medalha de prata. O que me entristeceu não foi este fato, mas as conversas desgostosas e de imcompreensão que eu escutei de outras mães. Mal-educado da minha parte, claro. Mas eu não pude evitar escutar as mães dizerem que era um absurdo esta diferença de medalhas porque seus filhos não haviam tocado tanto. Francamante, de uma vez por todas: tomemos responsabilidade por nossas crianças! Se a criança não pratica em casa, é porque ela não foi estimulada a fazê-lo, é porque não teve o apoio, o ambiente ou sei lá o quê necessário. Vamos parar de culpar nossas crianças por nossas irresponsabilidades!

É muito fácil achar defeitos em tudo e em todos, nas escolas, nos cursos, nos professores, inclusive nas próprias crianças. Mas é muito difícil perceber e admitir que falhamos como pais em diversos momentos. E é aí que entra a minha frase do dia: this is being a parent. Ser pai e mãe é isso: é se responsabilizar 100%, é amar 1oo%. E digo mais, os pais que têm a oportunidade de praticar qualquer coisa com seus filhos, dedicando-se 100% àquela atividade com seu filho, com amor e responsabilidade, têm muita chance de aprender e dar a volta por cima. Pode ser difícil, mas não impossível. Vamos em frente!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Essas crianças maravilhosas!




Fotos de Paulo Sá, na casa da Mia. Grata, sogrão!

A aula da semana passada foi o máximo! Hoje vou dar uma de mamãe coruja mesmo e babar um pouquinho. Explico. Há duas semanas, Nina leu com a professora durante a aula a Valsa de Bhrams e Luiza explicou como deveríamos estudá-la em casa. Como a divisão ternária de valsa não é evidente, ela deveria estudar como um "motorzinho", subdividindo tudo: semínimas viraram colcheias e semínimas com ponto também. Só depois de ter incorporado bem o ternário é que ela deveria tocar a música com as figuras e ritmo certo. Deu super certo!

Ou seja, uma semana depois, na aula passada, a música já era uma valsa! Então Luiza falou em como Nina deveria "colorir" a música, passando de uma nota a outra como se estivesse mudando os tons de laranja em um desenho, por exemplo. Sabe quando você quer passar de uma cor para outra sem interrupção, sem quebra? Era assim que ela deveria tocar essa música belíssima. Vovó Beth ainda acrescentou nesta semana, explicando que essa música era também chamada de Berceuse, pois ela realmente "embala" as crianças para dormir.

Pois bem: ontem fomos visitar uma amiga queridíssima da família, Mia, e Nina tocou a valsa. Era um presente para a Vovó Fátima, que tinha feito aniversário no dia anterior. Ficou lindo! Estavam presente muitas pessoas queridas e amadas, amigos que mais parecem da família, e o povo se emocionou! Depois de tocar sua música novinha em folha, sem errar nenhuma notinha, tocando com um belíssimo som, tudo colorido, ela quis tocar Asa Branca com os músicos presentes. Acompanhada por dois violões, fez um charminho, que não se lembrava direito das notas, mas tocou de novo! Linda! Os músicos depois continuaram, tinha mais violonistas e cantores, teve até saxofone! Mas Nina estava muito satisfeita com sua música e com as palmas, agradeceu e guardou seu instrumento.

O título do post traz crianças no plural! Isto porque Gabriel fez sua primeira "aula" com violino de borracha na semana passada também. Depois da aula da Nina, Luiza colocou o violino azul em seu queixo, o arco na mão direita, segurou e fez cho-co-la-te-quen-te. Ele ficou de olhos arregalados. Depois foi Luiza, depois eu e depois Nina. E ele acompanhou cada uma de nós prestando uma super atenção!... E... fim! Sua aula havia durado uns 45 segundos, onde ele prestou atenção o tempo inteiro! Não se cansou e talvez tenha percebido que o violino é especial. Não é um brinquedo qualquer. Ele envolve as pessoas que ele ama. E para mim, foi isso que ficou!

sábado, 24 de abril de 2010

Músicos de Brasília tocam para as crianças na UnB

Hoje de manhã tivemos uma experiência única no Música para Crianças. Além da criançada, seus pais e queridos professores, o curso ficou mais vivo com a participação ativa de vários artistas da cidade.

Ricardo Dourado e sua equipe planejaram a "aula da visita", como é chamada, em homenagem à Brasília e seu aniversário com músicos convidados. Eles entravam de sala em sala e tocavam para as crianças. Passando de sala em sala eu vi os Ernest Dias (mamãe Beth, vovó Odette e tio Jaime), Renato Matos, Calouro e GOG, dentre outros que infelizmente não conheço o nome...

Foi uma festa linda: criançada violinista ouvindo flauta e violão, bebês do tamanho do Gabriel dançando reggae (ao violão: Bruno?) e ouvindo as belas e politizadas palavras do poeta e rapper GOG. E o grand finale: o ensaio da orquestra de cordas virou palco para mais encontros muisicais.

Houve apresentação das crianças da flauta doce, da orquestra de violinos, sob a batuta de Raphael Egídio. Quando Renato Matos subiu ao palco para tocar "Um telefone é muito pouco", ele rapidamente passou para o Ricardo e a orquestra de cordas, da qual João maridão e Nina fazem parte, as notas básicas da harmonia e o auditório cantou enquanto a orquestra fazia um arranjo improvisado e ótimo na hora!

Então, ao som de um Cânone composto em 1610 tocado pela orquestra, GOG compôs seu rap ali mesmo. Como Ricardo brincou: um encontro de música de 400 anos! Gente, ele fez uma música/poema só com palavras começadas pela letra "P"! Fiquei arrepiada e empolgadíssima com aquela inteligência e musicalidade. Eu, que ignorantemente não conhecia o artista, fiquei fã dele na hora. Confiram sua trajetória e trabalho aqui.

Depois, a orquestra emendou Juriti, de Aldo Justo e Paulo Tovar (o Liga Tripa, gente!), que está lindamente arranjada pelo Ricardo e tocada por esta orquestra tão especial! E o público depois cantou. Foi emocionante. E o Bis? É claro que teve Bis! Vassourinhas! E assim, em grande estilo de frevo nas cordas, terminou-se a belíssima festa de encontro musical brasiliense, entre crianças que fazem música, pais que a apreciam e profissionais que fazem da arte a sua vida! Viva!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Semana do desafio

Quem foi que disse que ser mãe ou pai era fácil? Agora mesmo, estamos eu e meu marido e Gabriel oficialmente proibidos de entrar no quarto da Nina. Há um aviso na porta, que está fechada.

Sim, eu me indispus com ela agora há pouco porque ela ficou muito tempo na frente do computador, brincando com CDs-ROM educativos. Ela achou um monte deles guardados e foi brincando. Quando deu uma hora e meia dessa brincadeira, eu dei o toque que já tava bom (pra mim). Ela, relutantemente, fechou tudo. Daí a alguns minutos, veio o pai e disse que ela estava de férias (duas semanas) e que ela queria mais. OK.

Eu tinha feito bolo e estava comendo com Gabriel, mas queria que ela estivesse aqui. Avisei. Ela, nem tchum. O pai foi lá, ela não escutou. Quando fui de novo, já estava bem irritada. Mas ela veio. Depois eu disse que ela deveria terminar o que estava fazendo. Eu estava me referindo ao notebook aberto. Ele entendeu o que queria: jogar mais. Aí fiquei pau da vida e nervosamente tirei o CD do compartimento...

Por que estou contando tudo isso? Não sei exatamente. Ainda não houve desfecho para esse desentendimento. Fico me perguntando se sou rigorosa demais, se deveria tê-la deixado jogando enquanto ela estava a fim até o momento que ela se cansasse... Mas não dei conta.

Eu queria dividir um pouco com vocês alguns momentos que não são fáceis. Esta semana ela me escreveu o seguinte bilhete: "Mamãe, não quero mais fazer violino. 1000 desculpas." Eu li aquilo e fiquei me perguntando o que estava por trás daquelas palavras. Eu a chamei, coloquei-a no colo e fomos conversar. Eu lhe disse que a música fazia parte dela e que ela a levaria por toda a sua vida, onde quer que ela fosse. Eu também disse a ela que, apesar de ser filha de músicos, eu não tive incentivo para estudar, e quando as coisas ficavam difíceis para mim, eu desistia.

Não é a primeira vez que ela me diz que quer parar de tocar. E ela toca há quatro anos. Se você me julgar, vai pensar que sou uma mãe insensível e cruel. Mas eu acredito que o caminho da música é um caminho sem volta. É claro que estou recuperando com ela a música da minha infância. É como cuidar de um jardim que esteve sempre lá, mas está cheio de mato. Ele esta lá, mas é preciso trabalho e carinho para colocá-lo de novo no mapa, por assim dizer.

Estudar música não é fácil. Pode ser que para alguns virtuoses, o caminho seja menos dolorido no que diz respeito à técnica, sei lá. Mas para as pessoas normais, é ralação mesmo. Porém, é um esforço que vem do lado do prazer, pois é delicioso escutar a própria música, poder tocar com outras pessoas, apresentar-se, enfim, é um mundo riquíssimo de muitas oportunidades.

Outra coisa que disse a ela é a sorte que ela tem de ter a oportunidade de aprender música de maneira tão lúdica e amorosa como tem sido feito desde a sua iniciação. Eu não tive essa sorte. Estudei nos moldes tradicionais, com trocentas aulas de teoria e sem o apoio em casa. Finalmente, ela confessou que há uma música no repertório da orquestra que ela está achando bem difícil. É o Concerto Grosso de Claúdio Santoro. Ontem passamos a música, fizemos solfejo e acho que ficou menos difícil.

Vamos ver se consegui chegar ao ponto. Além de me abrir e desabafar, e claro, estou aqui para dizer aos pais que não há mesmo formulinha de bolo de como ser "bom" pai ou mãe. Muitas vezes não é fácil, os filhos nos mostram coisas que precisamos ver e aprender em nós mesmos. E a gente erra. E muito. Mas estamos tentando acertar, não é? Então desejo a todos uma semana de olhares mais atenciosos e amorosos com nossas crianças, que, em princípio, podem tudo, pois estão iniciando a vida. E mais conversa, mais brincadeira, mais história e... mais música!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Varrendo e vibrando

Como não se alegrar ao escutar "Vassourinhas"? Todo brasileiro que se preza gosta de ouvir aquelas notas e o ritmo inconfundível do frevo, sem letra, e todo mundo vai quase que solfejando junto: té-ru-ru-ru-ne-ró, to-ro-re-ro-no-ró!... E por aí vai! hahaha! Assim ficou muito engraçado!

Enfim, Nina agora está aprendendo esta música. Ela foi arranjada por Ricardo Dourado para a orquestra de cordas. Ela estava meio apreensiva, pois julgando pela parte, a música parece complicada mesmo. Tem uma hora em que ela deve tocar uma espécie de escala descendente e aí ela se apavorava e dizia que não dava mais para ler.

Porém, eu perguntei a ela se ela não conhecia a música. Começamos a cantá-la e dançá-la. Ela ficou animada. Eu disse que a música já estava dentro dela, que só precisava passar para o violino, que deixasse a coisa sair. E não é que deu certo? Acho que ela perdeu o medo. Vamos ver o que ela vai dizer sobre o ensaio do sábado que vem.

Há mais algumas novidades. Durante o Projeto Brasília Outros 50 (para saber mais, visite o blog deles aqui), as crianças do curso de violino vão tocar com uma banda de rock, cujo vocalista é um pai do curso. A música escolhida foi Índios, de Renato Russo. Sabem aqueles acordes que acompanham? Serão os pequenos violinistas! Ainda estou por fora dos detalhes, mas sei que vai rolar. Então em casa, também estamos estudando isso aí. Acho que vai ficar 10, ou melhor, 50, com a cara de Brasília!

Outra parte do nosso estudo é o Vibratto. Luiza passou para Nina uns belos acompanhamentos (coisas que ela trouxe do Texas), parece-me do próprio método Suzuki, tipo uma segunda voz para o livro 1. Muito legal. Nina começou a "vibrar" no ano passado, por imitação. Ela via seu professor, Raphael Egídio, vibrando sempre e bonito. Acho que começou a reparar na Letícia, uma amiga um pouco mais velha e experiente, durante os ensaios da orquestra. Na época, Raphael me disse que começava assim mesmo. E acho que chegou a hora de começar a "formalizar" essa parte do estudo do violino, que me parece tão complexa.

Mas Luiza foi categórica: você pode ler as informações que o autor dá. Mas Nina não precisa saber desse técnica. O importante agora é ela relaxar e não tensionar a mão esquerda enquanto faz a corda vibrar mais. Fizemos o primeiro dueto ontem. Remando Suavemente, música 2 do livro 1. Ela na sua segunda voz com vibratto, e eu, na melodia, na flauta contralto. Ficou muito legal!

Bons estudos, boas risadas e aprendizados com seus filhos! Até!

terça-feira, 6 de abril de 2010

A brincadeira do ECO

Depois da "aula da mamãe", Nina e eu não tivemos oportunidade de estudar. Ela viajou com seus avós paternos e seus primos. Passaram cinco dias em Gramado e Canela, na maior diversão, em plena Páscoa! Chegou até a ficar enjoada de chocolate, isso já no segundo dia! Mas se divertiu muito, visitou muitos lugares, viu a parada da Páscoa e até o Templo Budista. Adorou!

Enquanto ela estava fora, Gabriel (que agora tem 1 ano e 9 meses) e eu cantamos muito. Ele tem estado muito atento às músicas, sabe reconhecê-las e pede as que quer ouvir. Para a sua próxima aula de música, nós tínhamos que preparar um palquinho (sim, pais Suzuki, o mesmo palco usado pelos grupos pré-estrelinha e estrelinha) e preparar uma músico para cantarmos na aula, com as outras crianças e seus pais.

Pensei em cantar o clássico dos Saltimbancos ("au au au, io i-ó, miau miau miau, cocorocó"), mas decidi mesmo pela "Música do Eco", do Bloco da Palhoça. Este grupo, formado há 30 anos atrás, tem este disco gravado, que minha mãe ressuscitou e mandou passar para CD para os netos. Sucesso total! Gabriel e Nina adoram todas as músicas! São simples, bem musicadas, com arranjos com violão, flauta doce, muita percussão, várias vozes, enfim, um trabalho carinhoso para as crianças.

Não tive mais dúvidas. Esta música é simples, curta e usa vários elementos. Eu até vou fazer o looping na flauta doce, pois é bem facinho. Começo na flauta, depois canto. Biel participa acompanhando o que é dito, tipo: bater palmas e pés, depois tocar as partes do corpo e por fim, repetir os diferentes sons produzidos pela boca (sua parte preferida, claro). Já fizemos alguns "ensaios" e me parece que ele já entendeu o recado. Enquanto eu toco e canto, ele fica dançando e participando do seu jeito.

Esta ideia do palquinho é um negócio bem simples, mas que tem dado muito resultado no curso de violino. Eu reconheci a ideia quando Ricardo Dourado propôs a atividade na última aula. Para mim, o mais legal disso tudo é fazer isso com Gabriel. Escolher a música, confeccionar o palquinho e convidá-lo a "subir ao palco" comigo para cantarmos juntos algo que ele conhece e gosta. A "apresentação" na sala, se ocorrer, vai ser muito legal, mas com certeza não será o ponto forte para ele. Começo a entender cada vez mais que o mais importante é o que acontece no dia-a-dia.

Ontem eu estava muito cansada e irritada. Na hora que fui afinar o violino da Nina, Gabriel (que também estava cansado e irritado), começou a gritar porque queria porque queria brincar com o afinador. Fiquei muito brava e briguei com ele. Perdi a paciência e disse que não teríamos violino naquele dia. Fazer o quê? Nina, que estava meio na preguiça, ficou chateada, pois iria perder um gol do violino, mas ela sabe que poderá recuperá-lo depois.

Bom, estou contando isso para dizer que as coisas nem sempre saem do jeito que imaginamos ou gostaríamos. Infelizmente eu gritei com meus filhos, mas tomei a decisão certa para mim ontem: eu precisava de espaço. Fui sincera e pedi desculpas. A melhor coisa que fiz foi ir para a cama às 8 da noite (pregada). Hoje é um novo dia e recomeçaremos. Bons momentos com seus filhos!

terça-feira, 30 de março de 2010

Filha e mãe tocam e aprendem juntas

Hoje eu fui a "professora" da Nina. Luiza ficou quebrada do sábado passado (lançamento da fabulosa Copa do Violino) e precisou descansar. Melhoras, professora! Fique boa! Você vai ficar bem.

Pois é, como Nina não teria aula, eu disse a ela que a professora da vez era eu. Fiz algumas proposições e as coisas foram dando certo... Eu estou com muita vontade de tocar com ela. Eu toco flauta doce (soprano e contralto) e arranho uma leitura. Então, propus leitura à primeira vista para ela e para mim. Lemos um minueto de Teleman, de um livro de duetos para violinos que ela ganhou da minha mãe ano passado. Na verdade, lemos só a primeira parte, com casa 1 e 2.

Para minha surpresa, ela adorou! Repetimos várias vezes esse início. Ela dizia: é muito bonito, vamos de novo! Depois, não quis passar adiante na leitura. Eu concordei. Nós havíamos passado 20 minutos naquela música... Foi muito gostoso! Então, foi a hora da Dança das Marionetes, cuja preparação foi aquele exercício FÁ-LÁ, que você pode ler aqui. As frases são curtas e realmente a mudança da primeira pra terceira posição fica divertida. Aí eu pego um palhacinho descolado de marionete e digo que ele dança a música dela. Hoje, no fim, ela teve várias ideias para a dança desse personagem. Foi legal! Para terminar, a música do Bambi, claro!

Hoje eu notei que o som da Nina está forte e seguro. Estou muito feliz que ela esteja encontrando o seu som. Com certeza, o novo instrumento, que foi trazido da Holanda e ofertado por meu pai, está fazendo toda a diferença. E ela está bem mais animada em relação a sua própria música. Isto é incrível: ela agora se escuta muito melhor. Acho que esta melhora tem a ver com muitos fatores reunidos, dentre eles, nossa persistência conjunta em simplesmente tocar e tocar e gostar!

sábado, 27 de março de 2010

Copa do Violino 2010

Está lançado o mais novo projeto do time excepcional de professores do Violino para Crianças: A Copa do Violino!

Este projeto, original e sem antecedentes, é o ápice de um projeto lançado por Luiza Volpini em 2007. Naquele ano, as crianças receberam uma simples folha de papel, com quadradinhos com 7 colunas e várias linhas. Cada dia de estudo deveria ser assinado e durante a aula coletiva da semana, a criança era recompensada por seu esforço e ganhava um adesivo por cada dia estudado. No fim do semestre, fizemos um grande sarau, onde as crianças ganharam medalhas artísticas confeccionadas por Mariana Nepomuceno (mãe da Sofia). Foi uma loucura!

No ano seguinte, foi lançada a primeira caderneta do violino, em parceria com as flautas. Era o álbum de figurinhas. As crianças iam igualmente tendo sua tabelinha de dias assinada e recebiam um pacote de figurinhas durante a aula coletiva. Foi um sucesso total! Havia fotos de violinistas famosos e inusitados, figurinhas que formavam um grande quadro, enfim, um barato!

No ano seguinte, foi a vez do Violino para crianças lançar uma caderneta especializada para o seu curso, com informações cruciais sobre o instrumento, cuidados que devemos todos ter com ele e muitas, muitas músicas folclóricas em forma de partitura. Durante o ano, as crianças foram colecionando estrelinhas que ganhavam de seus professores durante as aulas individuais.

Este ano, esta brincadeira toma mais um rumo criativo e inusitado. Aproveitando a "deixa" da Copa, hoje houve festa com aula Suzuki para os violinistas e jogo de futebol com todo mundo! As crianças vieram coloridas com camisas do Brasil e de seus times. A aula foi uma farra. Eu estava lá! Sinto falta dessas aulas coletivas, divertidas e simplesmente infantis! Nina agora toca na orquestra de cordas e não há mais grupo para ela. Mas ela adora participar dessas atividades diferentes.

Assim, foi lançado o projeto da Copa. A cada semana, a criança deverá marcar gols (cada dia de estudo equivale a um gol). Há as fases a serem seguidas (oitavas de final, semi-final, etc). Depois das 5 primeiras semanas, com gols livres, por assim dizer, a "Copa" começa a ficar mais acirrada, pois o número de gols do adversário já está marcado e a criança deve vencê-lo. Na última semana, por exemplo, o time adversário (África do Sul), já tem 6 gols marcados, o que significa que o violinista tem que tocar 7 dias naquela semana para desbamcá-lo! Fantástico e bem bolado, hein? Até o trocadilho deu certo!

Esse esforço do time de professores nada mais é do que um amor pelo que fazem, pela música, mas principalmente pelas crianças. E, claro, essa grande brincadeira é para auxiliar os pais a motivarem seus filhos a tocar ainda mais. Só tenho a agradecer e parabenizar essas pessoas tão criativas e queridas: Luiza, Mônica, Raphael e a recém-chegada Keith. E agora...

BOA COPA PARA TODOS! QUE ESSES GOLS SEJAM SEMPRE DE PRAZER E ALEGRIA!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Tá difícil? Calma, com amor a gente chega lá!

Não tem sido fácil tocar com Nina esses últimos dias. Tenho a impressão que quando eu mesma estou ou cansada, ou um tanto desanimada, preocupada com outras coisas, o estudo da música pode facilmente torna-se uma obrigação sem prazer. É horrível. E não tem sentido.

Como tenho lidado com isso? Bem, ontem por exemplo, fomos estudar só no fim do dia. eu sabia que ela estava cansada. Eu fazia certas correções e ela me dando patada. Aí fui bem sincera: perguntei se ela achava que eu estava ali por obrigação. Ela me olhou com olhos arregalados. Eu disse que não. Eu estava ali com ela porque a amo e porque gosto de sua música e quero vê-la tocar cada vez mais bonito, feliz!

Foi imediato. Sua atitude mudou instantaneamente. Ela sabe que estou ali para ajudá-la, não "ensiná-la", pois ao estudar juntas, estamos aprendendo uma com a outra. Luíza diz: "caráter primeiro, habilidade depois". Vamos além: amor primeiro de tudo. O resto é consequência. Foi gostoso e sempre pode ser gostoso. Cabe a nós, pais, guiar o momento.

Mas como? Como é possível? Se tenho tantas preocupações, tantas coisas a fazer, resolver? E eu digo: basta estar inteiramente presente com seu filho/a naquele momento. A inspiração virá. As brincadeiras virão. Você conhece sua criança. Sabe o que a encanta. E acho que é recíproco o seguinte: tanto quanto nossas crianças nos encantam, nós também as encantamos quando somos inteiros e crianças como elas. Através da música de nossos filhos, podemos viver nossa infância novamente.

Então, bola pra frente! As dificuldades existem, tudo bem, mas elas são a chance de fazer algo melhor. Acreditem!

quarta-feira, 17 de março de 2010

A aula com Bambi e neve

Ontem fez muito calor aqui em Brasília. Saímos de casa e o termômetro marcava 30 graus às 4 da tarde. Pode não parecer muito para quem é do Rio, por exemplo, mas acreditem: aqui, 30 é coisa pra caramba!

Tudo isso pra dizer que chegamos na aula, Nina e eu, com uma certa preguicites e eu, um pouco irritada com alguns pormenores... Enfim, Luiza (a professora) também estava meio devagar. A aula é sempre uma surpresa para mim! Nunca acerto quando acho que ela vai pedir para Nina tocar o que estudou durante a semana. E ontem foi assim.

Do nada, e muito lentamente, elas começaram a fazer a escala de SolM em duas oitavas, trocando no meio da primeira para a terceira posição (acho que é isso). Depois, mais devagar ainda, Luiza foi puxando da Nina os nomes das figuras e quanto tempo valiam cada uma (semi-breve, mínima, semínima e colcheia). Nina já lê muito bem, acho que o aprendizado na Orquestra de violinos (que já dura quase dois anos) tem ajudado muito nesta parte. Mas os nomes das coisas ainda escapam (putz! ela vai fazer 9 anos e sabe muito mais teoria do que eu! E prática também, né? hehehe)

Tudo isso para chegar ao que ela queria: fazer a escala em diferentes ritmos. Como fizemos em casa? Sorteio! Esta é uma dica da Lu que sempre funciona. Dá dinâmica ao estudo em casa. Você coloca o que quiser nos papéizinhos e... sorteia! Hoje colocamos as figuras e a escala foi feita na ordem do ritmo que ia aparecendo. Beleza! Escalas não são lá muito agradáveis de serem estudadas, a gente tem que dar uma mãozinha!

Seguindo a aula de ontem, depois dessa escala foi a vez do exercício mais esdrúxulo que já vi minha filhota fazer. Eu chamei de FÁ-LÁ. Se entendi bem, o intuito é fazer a mãozinha que segura o violino deslizar da primeira pra terceira e voltar pra primeira posição sem esforço. A criança faz o fá (não é o FI não) com o primeiro dedo e, com o terceiro o lá, que deve afinar com a corda lá solta; aí a mão escorrega e o primeiro dedo faz o papel do terceiro e depois volta pra cima! Lá pelas tantas Nina disse: não aguento mais! Minha mão tá doendo!

E eis que Lulu tira da manga o... "pozinho mágico"! Quase que eu grito: Também quero! Brincadeirinha... Era só um pouco de polvilho. Ela passou na mão esquerda da Nina e o exercício fluiu bem melhor. Mas não se enganem! O pozinho apenas facilita a criança entender o movimento que rola, pois a sensação de leveza deve ser a mesma! Ou seja, deslizar pelo braço do violino sem esforço algum, trocando de posição ao bel prazer! Achei lindo!

Pra terminar, a música nova, que deverá ser lida em casa (se bem que já foi na aula, né?). É o Hunters' Chorus, a música 3 do livro 2. Mas o interessante foi a abordagem. Primeiro, Luiza contextualizou a música, perguntando pra Nina o que os caçadores caçam. Elas foram conversando e falaram em Bambi! Justamente o que ela precisava para explicar alguns movimentos da música, pra ela escutar quando era o caçador e quando era o Bambi... um barato! Bom, hoje não deu tempo de praticar esta música, mas tenho certeza que vai rolar algo bem legal pra dividir com vocês por aqui.

Gostaria de dizer que estou mais do que satisfeita com o alcanço deste blog. Valeu pessoal de Campinas! Apareçam sempre! Galera de Brasília! Voltem mais vezes! Povo por aí, vamos falar de música? de crianças? música com amor com nossas crianças?
Até breve!

domingo, 14 de março de 2010

Estímulo para tocar

Tenho pensado sobre algo que aprendi esta semana: o estímulo. Já que somos seres criativos por natureza, tudo o que precisamos para produzir é o estímulo.

Dentro desta linha, tentei estimular a Nina para estudar estes dias. Na quinta, quando eu disse que era hora de estudar, ela estava lá fora, brincando na grama e me veio com aquela cara de preguiça! Respirei fundo e trouxe o violino, dizendo "vamos à primeira música"(seguindo o plano de estudo recomendado pela professora). Foi um desastre! Ela não estava a fim e tocou mal, com aquela cara de "me deixa em paz"!.

Não era o que eu queria... Peguei o violino de volta e dei um tempo. Então tive uma ideia: perguntei se ela era capaz de tocar e dançar ao mesmo tempo. Seus olhinhos brilharam! Na grama, descalça, pegou o violino com vontade e começou a tocar a música nova andando pra lá e pra cá! Foi um barato. Valeu por aquele dia.

Dia seguinte, papai estava estudando seu violino com corda de viola e pediu que ela acompanhasse em uma música que eles tocam juntos há alguns meses. Ela tocou. Eu estava ocupada, conversando com minha irmã do outro lado do mundo, na Nova Zelândia por Skype. Então, Nina aparece e a tia pergunta pelo instrumento novo, que gostaria de ouvi-lo e tal. Pronto: estava aí o estímulo que ela precisava. Tocou para a tia pela internet.

Hoje foi diferente. De novo, quando eu a chamei, ela não queria vir e ficou enrolando. Então sugeri que ela trouxesse o que estava brincando para brincarmos e tocarmos ao mesmo tempo. Era Lego e trouxemos o barco. Ela tinha que revisar "Remando Suavemente", do livro 1, para fazer soar e vibrar seu violino. Fiquei "remando" enquanto ela tocava. E depois? Bom, como ela estava fantasiada com sua fantasia de ginástica (um colã vermelho com lantejoulas), eu disse que ela tinha agora que tocar com muito brilho, tanto quanto tinha em sua roupa... E ela tocou a música nova lindamente!

É isso! Acho que não tem segredo, nem receita... Só acho que com calma, a gente consegue deixar a inspiração vir e assim podemos nos conectar com a nossa própria energia criativa, para justamente, estimular nossos filhos a se conectarem com a deles.

Um abraço e até breve!

terça-feira, 9 de março de 2010

Primeira semana: caras e bocas, Grieg e Orquestra Cerrado

Na semana que passou, o violino esteve presente de formas diferentes. No dia seguinte da aula, fomos assistir ao Concerto Para Crianças, sobre Edvard Grieg. Gabriel foi comigo e com a Nina e se comportou especialmente bem, prestando atenção à bela música e à montagem como um todo: as projeções e suas lindas ilustrações, à contadora de histórias, às mis-en-scènes... Um belo espetáculo, e o que é melhor: infantil para todas as idades!

O som do violino de Ludmila Vinecka nos encantou, assim como o piano da nossa querida Chica (Francisaca Aquino). Janette Dornellas e Cirila Targhetta também embelezaram o espetáculo. Eu às vezes cutucava a Nina e dizia: olha o arco, como ela desliza o arco! Olha o vibratto! Que som!... É claro que não o tempo todo, né? Pois eu também estava encantada pela narrativa da vida desse compositor norueguês, enquanto "viajava" em suas belas melodias... Ai, ai...

No dia seguinte, foi a vez da dança da boca (como brincadeira para o estudo). Deu certo, a gente cantou, dançou e fez muita careta entre uma música e outra e isto ajudou Nina a relaxar. No fim, tivemos uma bela surpresa: papai (João) pediu ajuda da Nina para estudar sua parte de orquestra do Minueto 1 de Bach. Sim, papai faz parte do naipe de pais, onde toca viola - na verdade, o naipe já foi maior, mas agora só tem ele e a Elmar, mãe de duas amiguinhas da Nina).

João tem se esforçado muito no estudo deste instrumento; ele toca em um violino com cordas de viola. Até semana passada, depois de um ano e meio de orquestra, só tinha as orientações desta para estudar. Mas desde semana passada, ele tem freqüentado as aulas da Orquestra Cerrado, regida por Raphael Egídio, também professor do curso de violino para crianças. Hoje, eu me encontrei com ele e ele fez um monte de elogios ao João! Fico especialmente feliz e grata por ter um companheiro assim, que tem garra, perseverança e por tudo isso, enfrenta todas as dificuldades para tocar ao lado da filha, na mesma orquestra. Gente, cadê os outros pais e mães guerreiros, tocando com seus filhos??? Vamos lá, mãos à obra!

Na aula de hoje, Luiza deu outros toques interessantes para o estudo. Ela passou muito tempo com a mão direita (a mão do arco), moldando-a com carinho, explicando que não são os dedos que "pegam" o arco, nem tocam, e sim o braço do violinista. Ela chegou a dizer que se alguém sem mão, com um gancho de capitão e um braço mecânico quisesse tocar violino, teria grandes chances de tocar bem! Achei o máximo. Outra coisa importante foi sobre o dedão da mão esquerda (que segura o violino): ele também não deve ficar tensionado e Nina deve ser capaz de "deixá-lo livre" quando quiser. Outro desafio. E mais outro: soltar o pescoço de vez em quando, como um belo cisne ao mergulhar seu bico na água... UFA!

E tome trabalho amoroso por aí! Até breve!

terça-feira, 2 de março de 2010

Primeiro dia e suas tarefas

Hoje minha filha voltou às aulas individuais! Após dois (quase três) de folga, hoje ela fez uma linda aula com sua professora nova, que é, na verdade, antiga, sua primeira professora, a grandiosa Luiza Volpini!

A aula foi totalmente diferente do que eu achava que seria. Ao invés de propor uma revisão, a professora começou com uma música nova,a quarta do Livro 2, Long Long Ago com variação. Achei ótimo! Primeiro, uma revisão da versão original (livro 1), com explicação da tonalidade (Lá M). Depois, o mesmo dedilhado, mas começando na corda Ré e depois na corda Sol. Tudo isso para fazer Nina entender que ela iria tocar a mesma música, mas em outra tonalidade e com dedilhado diferente: sol M, começando na corda Ré. Só muito depois é que elas foram olhar a partitura, o que, aliás, faz parte do nosso dever de casa.

Depois disso, Nina disse que estava se empenhando nas novas variações do Moto Perpétuo e começou a tocar. A Luiza, que preza MUITO a autenticidade e essa vontade inspiradora das crianças, achou ótimo e as duas ficaram lá viajando, inventando um monte de variações. Foi divertido e instigante para a minha pequena violinista.

Hoje aprendi também que Nina deve relaxar mais os maxilares enquanto toca. Ela deve ser capaz de falar/cantar sem esforço algum enquanto toca. Achei um toque muito sensível e perspicaz da parte da Luiza. Para treinar isso, ela pedia pra Nina ficar de boca semi-aberta, ou solfejar enquanto tocava. Sinto que há muito trabalho aí, e adivinhem de quem é esse trabalho? Meu! Sou eu que deverei chamar sua atenção enquanto ela estiver estudando. E é aí que mora o perigo: como, quando falar? É preciso cautela, porém firmeza com muito amor para saber a hora de falar e a hora de calar quando estamos estudando com os filhos. Eita, trem difícil! Mas a gente chega lá!

Confesso que hoje o desafio para mim foi prestar atenção à aula e cuidar do meu filho de 1 ano e 8 meses ao mesmo tempo! Ele estava cansado, pois havia sido acordado de sua soneca vespertina, e não parava quieto um segundo sequer! No final da aula, já estava gritando! A sorte é que eu já sabia que estávamos indo embora. Mais eis que Luiza Volpini aparece com uma novidade: um violino de borracha azul! Então Gabriel teve sua primeira aula: Nina pegou o arco meio de madeirinha, encostou no braço dele e fez "cho-co-la-te-quen-te" acho que umas 5 vezes. Ele ficou quietinho. Pronto, UM minuto de concentração super bem utilizado! Ele já está acostumado ao som do chocolate quente porque canto para ele e faço o movimento em seu braço de vez em quando. Mas isso é outra história e fica para outro post!

Para terminar, nós temos o roteiro de estudo da semana. Isto é uma coisa que ajuda MUITO na direção do que fazer em casa! À medida que esta semana for passando, vou escrever aqui para contar nossa experiência da semana, o que deu certo e o que não deu. E vocês, pais queridos, alguma novidade?

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Volta às aulas de música

As férias acabaram não só nas escolas, mas também no curso de música. E agora? O que fazer? Como fazer meu filho/filha tocar o instrumento de novo depois de tanto tempo? Como vou conciliar a minha maratona pessoal com a da minha criança e, ainda assim, estimulá-la a tocar?

Estes são alguns dos questionamentos que você, mãe ou pai Suzuki, pode estar se fazendo neste exato momento. Sou mãe Suzuki há quatro anos. Minha filha completará 9 anos em breve e terminou o livro 1 do método no ano passado, com direito a conserto de formatura e tudo.

Durante as férias ela descansou do violino, mas tocou nas últimas quatro semanas, antes das aulas recomeçarem. Nós estávamos nos preparando para a chegada de seu violino novo, que chegou! E agora estamos nos preparando para o início de um novo ano ao lado do violino, este instrumento que, além de fazer música, une pais e filhos amorosamente.

Tive a ideia de iniciar este blog para que possamos trocar experiências sobre o desenvolvimento musical de nossos filhos, bem como ajudar-nos uns aos outros no que concerne a prática diária em casa. Convenhamos, esta pode ser a tarefa mais difícil para um pai/mãe que se propôs a estudar música com o filho/filha, para auxiliá-lo(a) no seu estudo.

Ainda não tenho certeza de que o blog seja a melhor ferramenta de discussão para o assunto, mas acredito que é um começo. Quem sabe, a partir daqui, surgirão outras ideias para que possamos nos comunicar?

Por enquanto é só! A sorte está lançada!
Maíra.