sábado, 24 de abril de 2010

Músicos de Brasília tocam para as crianças na UnB

Hoje de manhã tivemos uma experiência única no Música para Crianças. Além da criançada, seus pais e queridos professores, o curso ficou mais vivo com a participação ativa de vários artistas da cidade.

Ricardo Dourado e sua equipe planejaram a "aula da visita", como é chamada, em homenagem à Brasília e seu aniversário com músicos convidados. Eles entravam de sala em sala e tocavam para as crianças. Passando de sala em sala eu vi os Ernest Dias (mamãe Beth, vovó Odette e tio Jaime), Renato Matos, Calouro e GOG, dentre outros que infelizmente não conheço o nome...

Foi uma festa linda: criançada violinista ouvindo flauta e violão, bebês do tamanho do Gabriel dançando reggae (ao violão: Bruno?) e ouvindo as belas e politizadas palavras do poeta e rapper GOG. E o grand finale: o ensaio da orquestra de cordas virou palco para mais encontros muisicais.

Houve apresentação das crianças da flauta doce, da orquestra de violinos, sob a batuta de Raphael Egídio. Quando Renato Matos subiu ao palco para tocar "Um telefone é muito pouco", ele rapidamente passou para o Ricardo e a orquestra de cordas, da qual João maridão e Nina fazem parte, as notas básicas da harmonia e o auditório cantou enquanto a orquestra fazia um arranjo improvisado e ótimo na hora!

Então, ao som de um Cânone composto em 1610 tocado pela orquestra, GOG compôs seu rap ali mesmo. Como Ricardo brincou: um encontro de música de 400 anos! Gente, ele fez uma música/poema só com palavras começadas pela letra "P"! Fiquei arrepiada e empolgadíssima com aquela inteligência e musicalidade. Eu, que ignorantemente não conhecia o artista, fiquei fã dele na hora. Confiram sua trajetória e trabalho aqui.

Depois, a orquestra emendou Juriti, de Aldo Justo e Paulo Tovar (o Liga Tripa, gente!), que está lindamente arranjada pelo Ricardo e tocada por esta orquestra tão especial! E o público depois cantou. Foi emocionante. E o Bis? É claro que teve Bis! Vassourinhas! E assim, em grande estilo de frevo nas cordas, terminou-se a belíssima festa de encontro musical brasiliense, entre crianças que fazem música, pais que a apreciam e profissionais que fazem da arte a sua vida! Viva!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Semana do desafio

Quem foi que disse que ser mãe ou pai era fácil? Agora mesmo, estamos eu e meu marido e Gabriel oficialmente proibidos de entrar no quarto da Nina. Há um aviso na porta, que está fechada.

Sim, eu me indispus com ela agora há pouco porque ela ficou muito tempo na frente do computador, brincando com CDs-ROM educativos. Ela achou um monte deles guardados e foi brincando. Quando deu uma hora e meia dessa brincadeira, eu dei o toque que já tava bom (pra mim). Ela, relutantemente, fechou tudo. Daí a alguns minutos, veio o pai e disse que ela estava de férias (duas semanas) e que ela queria mais. OK.

Eu tinha feito bolo e estava comendo com Gabriel, mas queria que ela estivesse aqui. Avisei. Ela, nem tchum. O pai foi lá, ela não escutou. Quando fui de novo, já estava bem irritada. Mas ela veio. Depois eu disse que ela deveria terminar o que estava fazendo. Eu estava me referindo ao notebook aberto. Ele entendeu o que queria: jogar mais. Aí fiquei pau da vida e nervosamente tirei o CD do compartimento...

Por que estou contando tudo isso? Não sei exatamente. Ainda não houve desfecho para esse desentendimento. Fico me perguntando se sou rigorosa demais, se deveria tê-la deixado jogando enquanto ela estava a fim até o momento que ela se cansasse... Mas não dei conta.

Eu queria dividir um pouco com vocês alguns momentos que não são fáceis. Esta semana ela me escreveu o seguinte bilhete: "Mamãe, não quero mais fazer violino. 1000 desculpas." Eu li aquilo e fiquei me perguntando o que estava por trás daquelas palavras. Eu a chamei, coloquei-a no colo e fomos conversar. Eu lhe disse que a música fazia parte dela e que ela a levaria por toda a sua vida, onde quer que ela fosse. Eu também disse a ela que, apesar de ser filha de músicos, eu não tive incentivo para estudar, e quando as coisas ficavam difíceis para mim, eu desistia.

Não é a primeira vez que ela me diz que quer parar de tocar. E ela toca há quatro anos. Se você me julgar, vai pensar que sou uma mãe insensível e cruel. Mas eu acredito que o caminho da música é um caminho sem volta. É claro que estou recuperando com ela a música da minha infância. É como cuidar de um jardim que esteve sempre lá, mas está cheio de mato. Ele esta lá, mas é preciso trabalho e carinho para colocá-lo de novo no mapa, por assim dizer.

Estudar música não é fácil. Pode ser que para alguns virtuoses, o caminho seja menos dolorido no que diz respeito à técnica, sei lá. Mas para as pessoas normais, é ralação mesmo. Porém, é um esforço que vem do lado do prazer, pois é delicioso escutar a própria música, poder tocar com outras pessoas, apresentar-se, enfim, é um mundo riquíssimo de muitas oportunidades.

Outra coisa que disse a ela é a sorte que ela tem de ter a oportunidade de aprender música de maneira tão lúdica e amorosa como tem sido feito desde a sua iniciação. Eu não tive essa sorte. Estudei nos moldes tradicionais, com trocentas aulas de teoria e sem o apoio em casa. Finalmente, ela confessou que há uma música no repertório da orquestra que ela está achando bem difícil. É o Concerto Grosso de Claúdio Santoro. Ontem passamos a música, fizemos solfejo e acho que ficou menos difícil.

Vamos ver se consegui chegar ao ponto. Além de me abrir e desabafar, e claro, estou aqui para dizer aos pais que não há mesmo formulinha de bolo de como ser "bom" pai ou mãe. Muitas vezes não é fácil, os filhos nos mostram coisas que precisamos ver e aprender em nós mesmos. E a gente erra. E muito. Mas estamos tentando acertar, não é? Então desejo a todos uma semana de olhares mais atenciosos e amorosos com nossas crianças, que, em princípio, podem tudo, pois estão iniciando a vida. E mais conversa, mais brincadeira, mais história e... mais música!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Varrendo e vibrando

Como não se alegrar ao escutar "Vassourinhas"? Todo brasileiro que se preza gosta de ouvir aquelas notas e o ritmo inconfundível do frevo, sem letra, e todo mundo vai quase que solfejando junto: té-ru-ru-ru-ne-ró, to-ro-re-ro-no-ró!... E por aí vai! hahaha! Assim ficou muito engraçado!

Enfim, Nina agora está aprendendo esta música. Ela foi arranjada por Ricardo Dourado para a orquestra de cordas. Ela estava meio apreensiva, pois julgando pela parte, a música parece complicada mesmo. Tem uma hora em que ela deve tocar uma espécie de escala descendente e aí ela se apavorava e dizia que não dava mais para ler.

Porém, eu perguntei a ela se ela não conhecia a música. Começamos a cantá-la e dançá-la. Ela ficou animada. Eu disse que a música já estava dentro dela, que só precisava passar para o violino, que deixasse a coisa sair. E não é que deu certo? Acho que ela perdeu o medo. Vamos ver o que ela vai dizer sobre o ensaio do sábado que vem.

Há mais algumas novidades. Durante o Projeto Brasília Outros 50 (para saber mais, visite o blog deles aqui), as crianças do curso de violino vão tocar com uma banda de rock, cujo vocalista é um pai do curso. A música escolhida foi Índios, de Renato Russo. Sabem aqueles acordes que acompanham? Serão os pequenos violinistas! Ainda estou por fora dos detalhes, mas sei que vai rolar. Então em casa, também estamos estudando isso aí. Acho que vai ficar 10, ou melhor, 50, com a cara de Brasília!

Outra parte do nosso estudo é o Vibratto. Luiza passou para Nina uns belos acompanhamentos (coisas que ela trouxe do Texas), parece-me do próprio método Suzuki, tipo uma segunda voz para o livro 1. Muito legal. Nina começou a "vibrar" no ano passado, por imitação. Ela via seu professor, Raphael Egídio, vibrando sempre e bonito. Acho que começou a reparar na Letícia, uma amiga um pouco mais velha e experiente, durante os ensaios da orquestra. Na época, Raphael me disse que começava assim mesmo. E acho que chegou a hora de começar a "formalizar" essa parte do estudo do violino, que me parece tão complexa.

Mas Luiza foi categórica: você pode ler as informações que o autor dá. Mas Nina não precisa saber desse técnica. O importante agora é ela relaxar e não tensionar a mão esquerda enquanto faz a corda vibrar mais. Fizemos o primeiro dueto ontem. Remando Suavemente, música 2 do livro 1. Ela na sua segunda voz com vibratto, e eu, na melodia, na flauta contralto. Ficou muito legal!

Bons estudos, boas risadas e aprendizados com seus filhos! Até!

terça-feira, 6 de abril de 2010

A brincadeira do ECO

Depois da "aula da mamãe", Nina e eu não tivemos oportunidade de estudar. Ela viajou com seus avós paternos e seus primos. Passaram cinco dias em Gramado e Canela, na maior diversão, em plena Páscoa! Chegou até a ficar enjoada de chocolate, isso já no segundo dia! Mas se divertiu muito, visitou muitos lugares, viu a parada da Páscoa e até o Templo Budista. Adorou!

Enquanto ela estava fora, Gabriel (que agora tem 1 ano e 9 meses) e eu cantamos muito. Ele tem estado muito atento às músicas, sabe reconhecê-las e pede as que quer ouvir. Para a sua próxima aula de música, nós tínhamos que preparar um palquinho (sim, pais Suzuki, o mesmo palco usado pelos grupos pré-estrelinha e estrelinha) e preparar uma músico para cantarmos na aula, com as outras crianças e seus pais.

Pensei em cantar o clássico dos Saltimbancos ("au au au, io i-ó, miau miau miau, cocorocó"), mas decidi mesmo pela "Música do Eco", do Bloco da Palhoça. Este grupo, formado há 30 anos atrás, tem este disco gravado, que minha mãe ressuscitou e mandou passar para CD para os netos. Sucesso total! Gabriel e Nina adoram todas as músicas! São simples, bem musicadas, com arranjos com violão, flauta doce, muita percussão, várias vozes, enfim, um trabalho carinhoso para as crianças.

Não tive mais dúvidas. Esta música é simples, curta e usa vários elementos. Eu até vou fazer o looping na flauta doce, pois é bem facinho. Começo na flauta, depois canto. Biel participa acompanhando o que é dito, tipo: bater palmas e pés, depois tocar as partes do corpo e por fim, repetir os diferentes sons produzidos pela boca (sua parte preferida, claro). Já fizemos alguns "ensaios" e me parece que ele já entendeu o recado. Enquanto eu toco e canto, ele fica dançando e participando do seu jeito.

Esta ideia do palquinho é um negócio bem simples, mas que tem dado muito resultado no curso de violino. Eu reconheci a ideia quando Ricardo Dourado propôs a atividade na última aula. Para mim, o mais legal disso tudo é fazer isso com Gabriel. Escolher a música, confeccionar o palquinho e convidá-lo a "subir ao palco" comigo para cantarmos juntos algo que ele conhece e gosta. A "apresentação" na sala, se ocorrer, vai ser muito legal, mas com certeza não será o ponto forte para ele. Começo a entender cada vez mais que o mais importante é o que acontece no dia-a-dia.

Ontem eu estava muito cansada e irritada. Na hora que fui afinar o violino da Nina, Gabriel (que também estava cansado e irritado), começou a gritar porque queria porque queria brincar com o afinador. Fiquei muito brava e briguei com ele. Perdi a paciência e disse que não teríamos violino naquele dia. Fazer o quê? Nina, que estava meio na preguiça, ficou chateada, pois iria perder um gol do violino, mas ela sabe que poderá recuperá-lo depois.

Bom, estou contando isso para dizer que as coisas nem sempre saem do jeito que imaginamos ou gostaríamos. Infelizmente eu gritei com meus filhos, mas tomei a decisão certa para mim ontem: eu precisava de espaço. Fui sincera e pedi desculpas. A melhor coisa que fiz foi ir para a cama às 8 da noite (pregada). Hoje é um novo dia e recomeçaremos. Bons momentos com seus filhos!